Alguns
anos atrás, eu estava na loja de roupas de uma amiga quando um cara com uma
tatuagem no rosto entrou e perguntou se ela tinha troco para uma nota de US$10.
A Laura, uma garota em geral muito simpática, disse para ele se foder e sair
fora. O homem da tatuagem e eu ficamos chocados. Quando perguntei por que ela
tinha feito isso, ela disse: “Sabe, quando uma pessoa faz uma tatuagem na cara,
ela basicamente está optando por sair da sociedade. Esse cara queria que eu
expulsasse ele daqui”.
Até
concordei com a Laura na época (mas só porque eu estava tentando pegar ela),
mas desde então tenho questionado essa postura. Será que as pessoas tatuadas no
rosto querem mesmo ser tratadas como lixo? A resposta é, obviamente, “Não”. Mas
eu tinha que descobrir por mim mesmo. Então, quando a VICE me pediu para andar
por aí com a fuça decorada, como um mendigo anarquista que anda com o cachorro
amarrado numa corda, aceitei a oportunidade na hora.
Resignado
com uma vida ridícula, saí para beber com alguns amigos. Assim que sentamos, a
mesa na frente da nossa me encarou até me deixar desconfortável, então, encarei
de volta como um desafio. Aí uma das garotas levantou, veio até mim e disse:
“Não pode ser de verdade”. Cansado dessa conversa, mas incapaz de entregar a
mentira, eu disse: “É de verdade”.
“Mas
você não parece um cara que passou a vida inteira usando drogas. Isso não pode
ser de verdade.” Ela insistiu em tocar a tatuagem e começou a passar a mão
agressivamente no meu rosto. Tentei impedir, mas ela tinha a força de uma
garota bêbada e fui forçado a deixar ela tocar o meu rosto.
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